Recebemos nessa semana a triste
notícia da morte de
Ken Wilson. Eu considero Wilson uma das grandes mentes da Física do século XX. Na contramão da tendência (cada vez maior) de especialização científica em sub-áreas, Wilson deu contribuições relevantes em áreas bastante diferentes da Física como Altas Energias e Matéria Condensada. Seu trabalho teórico na aplicação de técnicas de
Grupo de Renormalização em fenômenos críticos levou ao merecido
prêmio Nobel de 1982 (ganhou sozinho).
Das contribuições de Wilson, destaco a invenção de métodos computacionais para resolver problemas teóricos difíceis. Na década de 70, quando os computadores ainda eram bastante incipientes, Wilson desenvolveu o método do
Grupo de Renormalização Numérico (NRG, em inglês). O resultado foi importante pois, essencialmente, resolveu o chamado "
problema de Kondo" em Matéria Condensada: as divegências logarítmicas que apareciam no trabalho pioneiro de Jun Kondo em 1964 no cálculo da contribuição para a resistividade de impurezas magnéticas em metais.
Na mesma época, Wilson trabalhou no desenvolvimento do método de
QCD na rede, ainda hoje o único método não pertubativo em cromodinâmica quântica. Essa técnica ainda é bastante usada em problemas relevantes como o entendimento do
plasma de quark-glúon (embora a aplicação de técnicas basedas na dualidade AdS/CFT tenha permitido
avanços no regime de acoplamento forte desse problema).
Paul Ginsparg, fundador do arXiv e ex-aluno de Wilson disse que "Wilson estava à frente do seu tempo" em sua utilização de computação científica. Concordo plenamente. Wilson antecipou, por exemplo, o uso de ferramentas como protocolos para cálculos paralelos em redes, largamente utilizados hoje em dia. Como disse Peter Woit no blog
Not Even Wrong, "
Wilson may be no longer with us, but his ideas certainly are".
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