domingo, 2 de junho de 2013

Diário de Viagem: BWSP e ENFMC.

O mês de maio foi bastante agitado em termos de viagens. Duas das mais importantes conferências em Matéria Condensada no Brasil foram realizadas uma após a outra, ambas no estado de São Paulo e com palestrantes de primeira linha.

A primeira  foi o Brazilian Workshop of Semiconductor Phyiscs, em Itirapina (região de São Carlos e Brotas). Destaque para os trabalhos em isolantes topológicos. Vieram pesquisadores internacionais de ponta nessa área como o "papa do efeito Hall de spin quântico" Laurens Molenkamp (de Würzburg, que, aliás, gosta muito de vir ao Brasil), além de Michael Furher (antes em Maryland, agora na Australia), Nitin Samarth (cujos grupos têm obtido resultados experimentais bastante relevantes em transporte em isolantes topológicos 3D) e Gennady Gusev, colega do IF-USP, um dos poucos físicos experimentais brasileiros trabalhando na área e que tem produzido excelentes trabalhos em isolantes topológicos 2D.

Eu dei um seminário sobre efeito Kondo em grafeno desordenado (colaboração com o Vladimir Miranda e o Caio Lewenkopf da UFF). Por sinal, esse trabalho foi motivado por um experimento do próprio Michael Furher, que mostra assinaturas típicas de efeito Kondo em grafeno irradiado. Nessa mesma linha, me chamou a atenção o seminário do Jaroslav Fabian (Regensburg), que discutiu contribuições para o tempo de relaxação de spin em grafeno.

***

Na semana seguinte, tivemos o tradicional Encontro Nacional de Física da Matéria Condensada, já na sua 36a edição. Como tem ocorrido nos últimos anos, foi realizado em Águas de Lindoia, uma agradável cidade  localizada em uma ramificação da Serra da Mantiqueira, proxima à divisa entre São Paulo e Minas Gerais.

Foram várias palestras excelentes. Na área de supercondutividade, me chamou a atenção o seminário do Rafael Fernandes, jovem professor brasileiro na Universidade de Minnesota. Ele falou sobre seu trabalhos recentes em supercondutores à base de ferro, um assunto que meu antigo grupo tem pesquisado bastante. Também gostei do seminário do Stefan Blügel (Julich), com quem tive várias conversas em torno de como conciliar Teoria do Funcional Densidade (DFT) e Efeito Kondo (será possível??).

Vale destacar ainda as presenças de Dan Shechtman, ganhador do prêmio Nobel de Química em 2011 pelo seu trabalho em quasi-cristais (uma história bonita de persistência mesmo enfrentando fortes críticas) e, novamente, de Laurens Molenkamp (que participou das duas conferências e ficou quase duas semanas no Brasil).

Os lugares:
A grande atração da BWSP ficou por conta do rafting em Brotas/SP. Imagine 60 físicos em botes descendo corredeiras. Esse é o resultado:



Já Águas de Lindóia é bastante agradável e tive a oportunidade de passear pelo centro. Recomendo o parque no centro da cidade, ótimo para corridas (ou caminhadas) matinais. Uma visita ao Cruzeiro ou uma esticada até cidades próximas como Monte Sião também valem a pena, segundo me disseram.

2 comentários:

  1. Sou fãzoca do Michael Fuhrer, se eu tivesse continuado na Física teria feito doutorado com ele. Cheguei até a ir conversar, mas depois enveredei por outro caminho. Que bacana ter notícias desses congressos. =)
    Beijo!

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    1. Na verdade, o Michael está na foto do bote (de óculos e camiseta roxa). Era o mais experiente da nossa "tripulação" pois já tinha feito rafting em corredeiras da Califórnia.

      Conversei bastante com ele. Excelente pessoa e ótimo pesquisador (acho que você teria feito uma ótima escolha! :)).

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