Alguns colegas recém-concursados na USP têm me perguntado quanto tempo leva o processo de admissão uma vez que você é aprovado no concurso. Aqui vai um "guia" que pode ajudar, escrito ao longo do processo (como um "diário" da saga) . O processo nas outras universidades estaduais paulistas é, acredito, similar. Nas Federais não tenho informação... se alguém souber e quiser adicionar um comentário, seja bem-vindo.
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Caro colega professor recém-concursado na Universidade de São Paulo,
Parabéns, o concurso passou e você foi o primeiro colocado! Comemorações, alívio e, inevitavelmente, as perguntas:
"E agora? O que acontece? Onde eu assino? Quando eu começo?".
Ocorre que entre "aprovado em concurso" e "professor nomeado" existe um labirinto burocrático que pode se arrastar por meses. Esse post é uma tentativa de mapear esse caminho.
Aliás, desde já aviso que essas informações podem não estar 100% corretas ou atualizadas (na verdade, acabei de saber que o processo já mudou um pouco de um tempo para cá) de modo que use o mapa a seu próprio risco!!
O decorrer do processo depende muito da Unidade (o que vou relatar se remete ao processo no Instituto de Física de São Paulo) mas, em linhas gerais, ocorre o seguinte:
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1 - A ata do concurso é produzida e o resultado é enviado para a Congregação para homologação. Em paralelo, o plano de trabalho é enviado ao departamento que abriu o concurso para aprovação no departamento e, depois, pela Congregação. Tudo é publicado no Diário Oficial.
Escala de tempo para completar o processo: dois ou três meses, talvez mais se tiverem férias no meio e/ou houverem recursos de outros candidatos. Tipicamente as congregações se reunem uma vez a cada mês e os conselhos departamentais idem. Muitas vezes não há reuniões em meses de férias (janeiro e fevereiro, por exemplo).
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2 - O Departamento convoca o candidato via Diário Oficial e recolhe a documentação. Além dos documentos óbvios (CIC, RG, título de eleitor, certificado de reservista) tem umas coisas não tão óbvias como fotos 3x4 , no. PIS/Pasep (ou negativa emitida em uma agência da CEF) e certidão de casamento (sim, para efeitos de previdência, eu imagino). Cheque com a assistência acadêmica da sua unidade.
Escala de tempo para completar: poucos dias. Essa é uma etapa que você pode já agilizar logo que passar no concurso. Se você sempre foi bolsista e nunca teve carteira assinada ou PIS/Pasep (aos leitores que estão fora do meio acadêmico: sim, isso é perfeitamente possível) você precisa ir até a Caixa e tirar uma "negativa", ou seja, um "não consta número de PIS" para anexar ao processo.
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3 - O Departamento encaminha o processo para a Reitoria para a nomeação.
Escala de tempo para completar: Pode chegar a dois meses ou mais. O processo passa por vários órgãos na reitoria, inclusive pela Consultoria Jurídica (CJ), onde eles analisam os aspectos jurídicos do concurso.
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4 - Em paralelo, a Unidade te encaminha para exames de laboratório e para agendamento de perícia médica (de acordo com o estatuto do servidor público) no Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo (DPME).
Escala de tempo para completar: Os exames médicos requerem atenção. O processo todo pode facilmente levar de 2 a 3 semanas ou mais, pelo seguinte:
Os exames laboratoriais (tipicamente hemograma completo, exame de urina, raio-X do tórax e eletrocardiograma) são, em geral, realizados no Hospital Universitário . Não há necessidade de agendamento mas você tem que estar em jejum de 8 a 10 horas e chegar cedo, pois a coleta de sangue e urina termina às 11h30 (10h30 se você quiser usar o SAND).
Os exames de raio-X e eletro são relativamente rápidos e o resultado sai na hora (se não for pedido laudo). O exame de sangue e urina é mais complicado: você pega uma senha e pode ter que aguarda de uma a duas horas (leve um livro ou um paper) o resultado sai em 3 ou 4 dias e você pode verificar na Internet (parabéns ao HU por isso!).
DPME
Além disso, você tem que fazer um cadastro e agendar a perícia no DPME. Isso é feito pessoalmente. Você pode fazer antes que os exames fiquem prontos mas você terá que ter os exames em mãos no dia da perícia. (NOTA: Parece que agora o DPME apenas realiza perícias depois da publicação da nomeação no Diário Oficial. Assim, você precisará esperar a nomeação para ir ao DPME fazer o cadastro).
Várias histórias sobre o DPME circulam pela Internet (como aqui, por exemplo) e vou me ater aqui a relatar minha própria experiência (que, dados os possíveis outros desfechos, foi satisfatória), colocando algumas idéias que poderiam tornar o atendimento mais eficiente.
A localização (próximo ao viaduto do Glicério) requer alguma atenção em relação à segurança ("Fica esperto, véio: você não está nos Jardins ou em Moema") e o atendimento exige paciência. Por algum motivo que me foge à compreensão, servidores de TODO O ESTADO tem que se dirigir até lá para perícias (por exemplo, para licenças médicas), muitas vezes mal podendo caminhar, o que é obviamente uma receita para funcionários do DPME sobrecarregados e pessoas descontentes.
Para chegar, recomendo ir de táxi. Ir de metrô requer um espírito mais aventureiro: se você é dessa turma (ou quer economizar no táxi), eu recomendaria descer na estação Liberdade e caminhar pela rua São Paulo (Mapa). Você pode também descer na Estação D. Pedro II e se aventurar pelo viaduto do Glicério (Mapa).
Cheque com a Unidade quais os documentos a serem levados. Tipicamente, você vai levar a requisição que o Departamento forneceu, cópias das publicações no D.O. (por ex., o Edital do Concurso, Convocação, Nomeação, e algo que descreva as atribuições do cargo), CIC/RG (e talvez tenha algo mais...) . Chegando lá, devem te encaminhar para o guichê 12 (Edson, eu acho) que é quem cuida de cadastramentos e exames de ingresso. Ele vai te colocar no sistema (por que os sistemas não são interligados? Isso também me intriga.) e agendar a consulta (tipicamente dalí a uma semana mas isso varia).
No dia da perícia, com os exames EM MÃOS, você pode já subir ao segundo andar (as palavras-chave são "perícia de ingresso". Dizendo isso ao segurança na catraca ele te encaminha ao 2o. andar). Chegue cedo e se prepare para a espera (de novo, leve um livro ou paper!). Lá dentro, você vai estar junto de outras várias pessoas que foram recém-aprovadas em concursos dos mais variados tipos para o funcionalismo estadual (Tribunais, Secretarias, etc.). A sequência é a seguinte: protocolo, consulta com o oftalmo, consulta com o clínico geral e, para mulheres, consulta com o ginecologista (que vai pedir outros exames também mas não estou certo de quais. Papa-Nicolau com certeza).
A propagação de informação lá dentro é feita no gogó mesmo: alguém grita "Fulano de tal, sala X" e, muitas vezes, o barulho das pessoas conversando pode te impedir de ouvir (outra pergunta minha: por que não colocam um sistema de senhas com um painel indicando a sala?). Na dúvida, pergunte! A dica é manter a calma e conversar com os funcionários do DPME com educação. Lembre que você vai passar por isso apenas naquele dia enquanto que eles enfrentam esse caos todo santo dia...
SE (e isso é um grande "se") você for uma pessoal completamente saudável e os testes não mostrarem nada de anormal, é bem provável que o médico te aprove na perícia. Caso contrário, ele pode pedir novos exames, agendar uma perícia nova, etc. Ou seja, mais tempo decorrido.
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5 - Finalmente, a nomeação é publicada no Diário Oficial! Você tem 30 dias (prorrogáveis) para assumir o cargo (é nessa hora que você precisa do parecer da perícia indicando "APTO" em mãos). Para assumir o cargo, você precisa estar presente no Departamento e, talvez, assinar um termo ou algo assim (o chefe do departamento vai comunicar oficialmente ao Diretor que "Fulano de Tal" está aqui!).
(NOTA: Como disse anteriormente, parece que agora o DPME apenas realiza perícias em funcionários já nomeados. De qualquer, modo você precisará do parecer indicando "APTO" para tomar posse).
Muito bem, o próximo passo é a Seção pessoal da sua unidade emitir uma declaração de que "Prof. Fulano de Tal está empregado desde tal data e recebe tanto por mês" para você levar ao Banco do Brasil para abrir uma conta na qual o seu salário será depositado. Note que você vai precisar de um comprovante de endereço em seu nome para abrir a conta (é, eu sei que não é fácil para quem está chegando a SP, mas converse na agência e veja o que você pode conseguir).
Uma vez que você tenha o número da conta, leve novamente na seção pessoal para que isso seja cadastrado no Sistema Marte. Se, por algum motivo, a sua conta não estiver aberta até a data do primeiro pagamento, você ainda recebe o salário mas como ordem de pagto no Banco do Brasil (você pode, inclusive, sacar na boca do caixa!).
A seção pessoal vai te dizer também qual o seu número USP (importantíssimo!). Com isso, você pode pedir um e-mail no domínio usp.br (e, imagino, eles vão te fornecer um e-mail do departamento também). É importante cadastrar esse e-mail no sistema "Marte" (administração de pessoal) para que você tenha acesso ao Sistema "Júpiter" (aulas na Graduação. Adooro esses nomes planetários!).
Ah, sim: e você deve ganhar uma atribuição didática! :)
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6 - Em torno de um mês depois da posse, você deve receber os "cartões" na Seção Pessoal: o vale-alimentação e o grande troféu do processo inteiro: um cartão USP com seu nome e foto, com a inscrição "Professor" (e com direito a acesso ao CEPEUSP!). Provavelmente você também receberá uma simpática caneca plástica do programa "USP recicla" (que eu guardo como uma lembrança inestimável). Bem vindo!
Strings 2025
Há uma semana
Olá, agradecemos o link para nosso blog e aproveitamos para comentar este trecho "SE (e isso é um grande "se") você for uma pessoal completamente saudável e os testes não mostrarem nada de anormal, é bem provável que o médico te aprove na perícia."
ResponderExcluirInfelizmente isto não é verdade. O grande problema do DPME (não o unico, óbviamente) é a ingerencia admnistrativa no resultado de pericias, tema inclusive da pauta de reivindicação na ultima greve dos servidores do orgão. São obrigados a reprovar candidatos aleatoriamente e negam licença a um percentual prédefinido de servidores doentes. Os relatos em nosso blog podem ser corroborado pelo deputado estadual Carlos Gianazzi e pela propria pauta de greve do orgão que circulou amplamente pela imprensa paulista.
Há braços!